REVISTA ELETRÔNICA de EDUCAÇÃO & SAÚDE.

REVISTA ELETRÔNICA de EDUCAÇÃO & SAÚDE (ano XLI) 2024 ou 5785
Criação e realização do biólogo e professor JOÃO ANGELO MARTIGNONI TEIXEIRA
Orientação e configuração do engenheiro e professor EVERARD LUCAS CARDOSO

17 janeiro 2020

VHS (velocidade de hemossedimentação)


VHS vem de Velocidade de Hemo Sedimentação. “Hemo” (αίμα), em grego, significa sangue, e sedimentação, seria a precipitação de partículas sólidas suspensas em um líquido pela ação gravitacional. VHS seria então, a velocidade com que os glóbulos vermelhos se separam do “soro” e se depositam no fundo, se um tubo de sangue (com anti-coagulante) é deixado parado (veja ilustração abaixo). Os glóbulos vermelhos (hemácias), que têm a forma de “balas soft”, vão sendo puxadas para baixo pela gravidade e tendem a se aglomerar no fundo do tubo. No entanto as hemácias são cobertas por cargas elétricas negativas e, quando elas vão se aproximando no fundo, repelem-se umas às outras, como cargas iguais de ímãs. Essa força magnética de repulsão se contrapõe à gravidade, e naturalmente diminui a velocidade com que as hemácias caem. No entanto, se junto com as hemácias, nadando no plasma, haja outras estruturas de cargas positivas, estas vão anular as cargas negativas das hemácias e também a repulsão magnética entre elas, permitindo sua aglutinação. Neste caso a gravidade age sozinha e a velocidade com que elas caem (velocidade de hemossedimentação) é acelerada. O VHS é expresso como o número de milímetros que o sangue sedimentou (no tubo) no espaço de 1 hora (mm/h).




Função do VHS:
Muitas proteínas concentram cargas positivas em um lado e negativas em outro (assimetria de cargas). A parte positiva destas proteínas tem o mesmo efeito sobre as hemácias. Diversas proteínas produzidas pelo corpo durante infecções ou inflamações (proteínas de fase ativa, principalmente o fibrinogênio) são assim. Portanto VHS é um jeito indireto de medir a presença inflamação ou infecção no corpo.



Elevação do VHS:
Como acima descrito, em situações onde há inflamação/ infecção existe a produção de proteínas (de fase ativa) que elevam a velocidade de hemossedimentação. Mas outras proteínas também são capazes de alterar a velocidade da queda das hemácias. Fibrinogênio (necessário para a coagulação e produzido em excesso na gravidez), imunoglobulinas (anticorpos) e paraproteínas (produzidas por cânceres do sangue) são exemplos. Além disso, a diluição do sangue (gravidez, insuficiência cardíaca, insuficiência renal) diminui a viscosidade e separa as cargas repulsivas elevando o VHS. Uma das principais proteínas do plasma sanguíneo chama-se albumina. Ela também tem carga negativa, portanto quando sua concentração cai (falência hepática, perda renal ou intestinal) “sobra” proporcionalmente mais cargas positivas para anular as hemácias, elevando o VHS. Outro mecanismo de elevação do VHS consiste na diminuição do número de hemácias (anemia) ou alteração da forma das mesmas (anemia falciforme). A obesidade, o diabetes mellitus, o sexo e a idade são fatores que também influenciam o VHS.


Situações nas quais há elevação de VHS:
Situações
Exemplos
InflamaçãoArtrites (Reumatoide, Lúpus); Vasculites; Serosites.
InfecçãoAguda (tonsilite, cistite, gripe); Crônica (hepatites, osteomielites).
HemodiluiçãoInsuficiência cardíaca; Insuficiência renal; Gravidez.
Queda de albuminaInsuficiência hepática; perda renal (s. nefrótica); perda intestinal.
Proteínas no sangueGravidez (fibrinogênio); Câncer (paraproteínas); Crioglobulinemia.
Alteração das hemáciasNúmero (anemia); Forma (Anemia falciforme, esferocitose).
OutrasObesidade (aumento IL-6); Diabete Mellitus (vários mecanismos); tabagismo; idade; sexo feminino.

Obs. Como descrito anteriormente, existem diversas condições que podem alterar o VHS, muitas delas corriqueiras e passageiras como um resfriado, uma tonsilite ("amigdalite"), uma infecção urinária, etc. Diante de um VHS elevado, aguarde e refeça o exame mais adiante (como o VHS pode demorar semanas para cair mesmo depois da melhora clínica, o ideal é repetir o exame somente 1 mês mais tarde). Como praticamente todo exame laboratorial, o VHS deve ser interpretado dentro de um contexto clínico. Seu médico é a melhor pessoa para dizer se o VHS tem ou não importância clínica.

Valores "normais" de um VHS:
O VHS varia de acordo com a idade, sexo e método de aferição. Pode haver variações entre os valores normais de laboratório para laboratório, mas de maneira geral os valores normais podem ser aproximadamente expressos pela seguinte fórmula:
Homens
.      Valor normal = idade/2
Mulheres
.     Valor normal = (idade+10)/2
Crianças:
.      Valor normal = ~ 3-13 mm/h
Obs. Para homens, após uma hora deve ser de até 8 mm e, após duas horas, até 20 mm. Para as mulheres, após uma hora de até 10 mm e após duas horas de até 25 mm. Para crianças, esses valores devem estar entre 3 mm e 13 mm por hora. O aumento de idade ocasiona também o aumento de VHS em pessoas normais.

VHS alto: 
se houver valores muito altos neste exame, como por exemplo acima de 100 mm/h, significa que há presença de doença autoimune (por ex: Lúpus; Anemia severa; Câncer; Osteomielite; Tuberculose e Mieloma múltiplo).

VHS baixo:
 se houver valores baixos no exame, podem indicar doenças também (por ex: Policitemia; Anemia hemolítica; Leucocitose severa; Esferocitose hereditária; Uso de corticosteroides; Hipofibrinogenia).

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