REVISTA ELETRÔNICA de EDUCAÇÃO & SAÚDE.

REVISTA ELETRÔNICA de EDUCAÇÃO & SAÚDE (ano XLI) 2024 ou 5785
Criação e realização do biólogo e professor JOÃO ANGELO MARTIGNONI TEIXEIRA
Orientação e configuração do engenheiro e professor EVERARD LUCAS CARDOSO

25 maio 2013

Da ALQUIMIA à QUÍMICA:

Histórico da Alquimia (espagíria) à Química.
(Prof. JOÃO ANGELO – atualizado em 2013).
O nome Al (do árabe = ao artigo O) + Elkimyâ (da raiz grega = “terra negra”) refere-se ao húmus fértil do rio Nilo, contrapondo-se a “terra branca” (areia do deserto vizinho) ou ainda o nome teria surgido da expressão árabe "al Khen" (الكيمياء ou الخيمياء de raiz grega "alkimya"), que significa “o país negro” – nome do Egito na Antiguidade.
No Egito, a alquimia era considerada obra de criação do deus egípcio Thoth (Tote ou Tot), que os gregos chamavam de HermesTrismegisto” (“3 vezes grande”), daí surgiu o termo: “arte hermética”.


<<< Figura de Hermes "Trimegisto".

A alquimia desenvolveu-se por volta do séc. III a.C. na região de Alexandria e foi se extinguir quase que por completo no séc. XVI, com os últimos alquimistas desapontados e perseguidos pela Inquisição da Igreja Católica, liderados por Rosen Kreutz, formaram uma sociedade, secreta na época e que perdura até hoje: a ordem dos Rosa Cruzes.
A existência da Alquimia se deu por três correntes: a filosofia grega, o misticismo oriental e a tecnologia egípcia.
No delta do Rio Nilo, a cidade de Alexandria foi fundada pelo general Alexandreo grande” em 372 a.C. e era o reduto dos alquimistas; dizem que Alexandre “o grande” (discípulo do filósofo grego Aristóteles *384 +322 a.C.) foi quem teria disseminado a alquimia aos povos Bizantinos, depois aos Árabes sob influência dos Chineses até a Espanha (no ano 950).
Bom lembrar aqui os seguintes fatos:
a) A alquimia chinesa foi perdendo força e acabou desaparecendo com o surgimento do budismo, porém muitos termos usados hoje na medicina tradicional chinesa provém da alquimia.
b) A ideia de se relacionar - a imortalidade e o ouro – provavelmente veio dos gregos, quando Alexandreo grande” invadiu a Índia no ano 325 a.C., procurando a fonte da juventude. É possível que essa ideia tenha sido passada da Índia para a China ou vice-versa, embora o hinduísmo (1ª religião da Índia), tenha outras ideias de imortalidade, diferentes do elixir da longa vida.
No séc. VI a.C. Tales de Mileto (*625 +550 a.C.) acreditava que tudo vinha da água; Anaxímenes imaginava que tudo provinha do ar; Empédocles de Agrigento (*485 +425 a.C.) grego das colônias sicilianas, reuniu tudo na teoria dos 4 elementos:
Fogo, Ar, Água e Terra (dizem que Platão também pensava assim); posteriormente aparece Aristóteles de Estagira (*384 +322 a.C.) acrescentando o Éter ou a quintessência (5 elementos), esta teoria perdurou por cerca de 2000 anos.


<<< Naipes do baralho francês
(Trèfle; Pique; Coeur; Carreau).


Naipes do baralho italo-espanhol >>>
(Spade; Coppe; Ori; Bastoni)
(Espadas; Copas; Oros; Bastos)

Suit Spade.svgSuit Coppe.svgSuit Denari.svgSuit Bastoni.svg
O naipe de ouros está relacionado ao elemento terra, portanto à vida material, às conquistas financeiras, profissionais e a tudo que, enfim, representa aquilo que pode ser tangível em termos materiais. No naipe de ouros existe a possibilidade de se conseguir conquistar a segurança material com trabalho, disciplina e esforço. O ser humano é ambicioso e a ambição tem relação como o naipe de ouros. Outra característica do naipe de ouros é a dedicação, o esforço, o empenho dedicados aos estudos e ao trabalho.
O naipe de espadas liga-se ao elemento ar e está relacionado ao poder ambivalente da mente e do pensamento.
o naipe de copas é ligado ao elemento água e ao mundo dos sentimentos, sendo o símbolo da taça relacionado ao coração, como receptáculo das nossas emoções.
O naipe de paus corresponde ao elemento fogo que a tudo transforma sem ser alterado. Representado pelo bastão, está ligado ao fazer e à criatividade.

Na época do alquimista egípcio Zózimo de Panápolis (*300) que acreditava na técnica sagrada de transformar metais em ouro e da encarnação ou desencarnação dos espíritos (ele estudou a destilação, a sublimação e as cores químicas), surgiram também algumas alquimistas: Mariaa judia” que mudava a cor dos metais e inventou o banho térmico usado até hoje: o “banho-maria” (do francês: bain-marie); a Copta, a Teosébia e a Kleopatra (outra, não a rainha).
Na época medieval e renascença, alquimistas trabalhavam em laboratórios subterrâneos de suas cidades ou em castelos, entre feitiços e magias, buscando:
(1) a “pedra filosofal” (adamo ou xerion = “nem seco nem úmido” - segundo Zózimo) cujo toque transformaria metais em Ouro (símbolo do poder);
(2) a “panaceia universal” ou “elixir (do árabe al-iksir = “pó seco”) da longa vida” (substância da imortalidade) que curaria doenças, os daria vida longa ou eterna;
(3) a criação de vida humana “homúnculo” (do latim: homunculus = “pequeno homem”) a partir de materiais inanimados (uma das mais interessantes ideias dos alquimistas, com influência da tradição judaica, pois na cabala “existe - o Golem - a possibilidade de dar vida a um ser artificial”).
Eles não eram considerados cientistas, por não usarem o “Método Científico”, mas através de buscas e experiências contribuíram com o início da Química (do latim Chimica), descobrindo:
*ácido nítrico (HNO3) - chamado de “aqua fortis” pelo alquimista árabe Abu Mussa Djafar em 720;
*éter (C4H10O) - reagindo com ác. sulfúrico xaroposo (H2SO4) - chamado de “óleo de vitríolo” e com álcool etílico (C2H5OH) (“espiritus vinii”) - em 1540 p/ alq. alemão Valerius Cordus;
*os ácidos: sulfúrico (H2SO4), clorídrico (HCl) e o antimônio (Sb) todos estes pelo alq. Basílio Valentim; o álcool etílico ou etanol (C2H6O), pelo alq. catalão Arnaldus Villanova (*1311) - autor do 1°livro impresso sobre o vinho: "Liber de Vinis".
*nitrato de prata (AgNO3) chamado de “pedra infernal” - fazia ulcerações no tecido animal;
*água-régia (mistura de ácido nítrico HNO3 com o ácido clorídrico HCl) que “dissolve” o ouro;
*fósforo (P) pelo alq. alemão Henning Brand em 1669; do zinco (Zn) isolado no séc. XVI pelo alq. e médico suíço “Paracelso” ou Theophrastus Bombastus von Hohenheim (*1493 +1541);
do arsênio (As) por Magnus em 1520.

Dizem que os alquimistas conheciam o elemento Saturnu (mit. Grega > deus Cronos = Saturno) hoje: chumbo (daí vem o nome Saturnismo - doença provocada por intoxicação do Pb);
*estudo do dióxido de carbono (CO2) no séc. XVII pelo alq. holandês Jean Baptiste van Helmont que criou a palavra “gás”;
*faziam papel a partir de trapos e Papiro (Cyperus papyrus) grande erva da beira do rio Nilo;
*a pólvora (de canhão) substância explosiva formada pela mistura de salitre, carvão e enxofre;
*técnicas metalúrgicas e físico-químicas (destilações do vinagre = acetum, para preparação do ácido acético H4C2O2); fabricação de objetos de porcelana e vidros para laboratórios;
*desde os egípcios, técnicas de embalsamar, usando substâncias que isentem o cadáver da decomposição;
*branquear tecidos com sabão mole de potassa cáustica (hidróxido de potássio KOH) – pelo alq. Alberto Magno.
*reflexos da cultura alquímica: os nos 3, 4 e 7 usados por eles como amuletos, representando:
3 = Santíssima Trindade Católica; 4 = estações climáticas; 4 = pontos cardeais (N, S, L e O); 7= dias; 7= notas musicais; 7= cores no espectro solar refletida no arco-íris e 7= como número da perfeição.
*um livro alquímico do séc. XVII mostra o uso frequente de símbolos da astrologia na linguagem alquímica, associando os corpos celestes (e planetas) da astrologia com os elementos químicos, por exemplo: o Sol com o Ouro (Au); a Lua com a Prata (Ag); Mercúrio com Mercúrio (Hg); Vênus com o Cobre (Cu); Marte com o Ferro (Fe); Júpiter com Estanho (Sn) e Saturno com Chumbo (Pb).
Os alquimistas também associavam animais com os elementos, por exemplo: o unicórnio ou o veado representava o elemento terra; o peixe representava a água; pássaros para o ar; salamandra o fogo; leão verde para o sal e o corvo simbolizava a fase de putrefação do processo alquímico, que assume uma cor negra (como o corvo).
*segundo os alquimistas a Matéria passaria por 4 estágios (etapas) principais (com significado espiritual):
a) Nigredo (operação negra) estágio em que a Matéria é dissolvida e putrefada (associada ao calor e ao fogo);
b) Albedo (operação branca) estágio em que substância é purificada;
c) Citrinitas (operação amarela) etapa em que opera-se a transmutação dos metais;
d) Rubedo (operação vermelha) é o estágio final. Enquanto que um tonel de vinho representava a fermentação.
Por causa de suas origens, a alquimia sempre teve um caráter místico associado a sua existência e não era raro invocar deuses e demônios favoráveis às operações químicas desejadas.
Durante a Idade Média, os alquimistas foram acusados muitas vezes de fazer pactos com demônios, acusados de heresias e queimados vivos em fogueiras pela Inquisição da Igreja Católica. Por isto, se fala que o Enxofre (S), material usado pelos alquimistas, é o cheiro do inferno ou associado ao diabo.
Para os leigos, qualquer operação química era considerada algo sobrenatural e com as perseguições, os alquimistas foram se separando da sociedade e seus rituais alquímicos mantidos em segredo; o próprio engajamento só era possível através do Juramento do Alquimista, que dizia:
Eu te faço jurar pelos céus, pela terra, pela luz e pelas trevas;
Eu te faço jurar pelo fogo, pelo ar, pela terra e pela água;
Eu te faço jurar pelo mais alto dos céus, pelas profundezas da terra e pelo abismo do Tártaro;
Eu te faço jurar por Mercúrio e por Anúbis, pelo rugido do dragão Kerkorubos e pelo latido do cão de três cabeças, Cérbero, guardião do inferno;
Eu te conjuro pelas três Parcas (Cloto, Láquesis e Átropos), pelas três fúrias e pela espada a não revelar a pessoa alguma nossas teorias e técnicas”.
Como se observa pelo “Juramento do Alquimista” acima, era realmente um “clube seleto”, cuja entrada significava manter segredo por toda a vida do alquimista, motivo pelo qual se acredita que muitos trabalhos feitos foram perdidos ou até destruídos por eles próprios.
A cobiça pelo Ouro transformou muitos alquimistas em especuladores, alguns viraram cunhadores de moedas falsas, outros charlatões e impostores que visavam se aproveitar do ocultismo alquímico e vender fórmulas de fabricação da tal pedra filosofal.
A alquimia foi responsável pelo desenvolvimento dos equipamentos de laboratório e melhorou as técnicas de produção de muitas substâncias químicas.

Alguns símbolos alquímicos:
*Sugestão – leia os livros e veja os filmes:
Harry Potter e a Pedra Filosofal” (Warner-2001-153 min.), o alquimista francês Nicolas Flamel (*1330 +22/3/1418) é evidenciado como descobridor e possuidor da Pedra Filosofal, em estudos em conjunto com o diretor Albus Dumbledore e nos livros aparece com 667 anos.
O Código da Vinci” ele é evidenciado como grão-mestre do Priorado de Sião, uma organização que tem como objetivo a proteção do Santo Graal e dos descendentes de Jesus Cristo.
Egito em busca da eternidade” (National Geographic-1989-60 min.).
O Nilo” (Warner-Odisséia de Cousteau-1989-116 min.).
A Revelação – dois mil anos de maldição” (Imagem Filmes-2002-110min).
O Alquimista”, “Brida”, “As valquirias”, do escritor brasileiro Paulo Coelho, também estudioso da alquimia.

**Atenção:
– Alunos do CEC leiam páginas: 17; 80 até 84; 93; 104; 224; 226; 232; 269 até 282; 304; 306; 324; 386 do livro de Química Cidadã - Ed. Nova Geração;

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